Pedro e Pablo Vicario saíram de casa naquela noite determinados em matar Santiago Nassar, o responsável pela desonra da irmã dos dois gémeos. Fizeram questão de anunciá-lo a quem os quis ouvir, como exige este motivo para jura de morte. Passaram pelo mercado da carne onde afiaram as facas e informaram Faustino Santos da sua intenção, disseram-no também a Clotilde Armenta e a todos quantos estavam na leitaria. Em pouco tempo toda a povoação sabia do que estava prestes a acontecer, mas nem por isso fizeram o que fosse para evitar que os irmãos Vicario atingissem o seu objectivo.
Em parte não o fizeram porque acreditavam na vingança da honra de uma irmã como um motivo moralmente justo para a sentença de morte, foram por isso cúmplices silenciosos do assassinato.
Em Portugal passam-se fenómenos semelhantes ao do romance de Gabriel Garcia Marquez. Não porque vejamos a morte como única forma de vingar a desonra, nesse aspecto somos menos efervescentes do que os sul-americanos.
Existem, no entanto, crimes que por mais que nos sejam anunciados diariamente, ou até garbosamente assumidos pelos próprios, nunca verão culpados verdadeiramente punidos no nosso país, crimes como a corrupção nas autarquias ou a fraude de resultados desportivos no futebol. Na verdade, em Portugal a maioria da população não vê estes crimes como moralmente errados, ou pelo menos não lhes confere uma condenação moral relevante, sendo este o principal motivo para a sua impunidade.
Desta forma, Pedro e Pablo Vicario poderão continuar a sair de casa exibindo as suas facas e dizendo ao que vão…
Em parte não o fizeram porque acreditavam na vingança da honra de uma irmã como um motivo moralmente justo para a sentença de morte, foram por isso cúmplices silenciosos do assassinato.
Em Portugal passam-se fenómenos semelhantes ao do romance de Gabriel Garcia Marquez. Não porque vejamos a morte como única forma de vingar a desonra, nesse aspecto somos menos efervescentes do que os sul-americanos.
Existem, no entanto, crimes que por mais que nos sejam anunciados diariamente, ou até garbosamente assumidos pelos próprios, nunca verão culpados verdadeiramente punidos no nosso país, crimes como a corrupção nas autarquias ou a fraude de resultados desportivos no futebol. Na verdade, em Portugal a maioria da população não vê estes crimes como moralmente errados, ou pelo menos não lhes confere uma condenação moral relevante, sendo este o principal motivo para a sua impunidade.
Desta forma, Pedro e Pablo Vicario poderão continuar a sair de casa exibindo as suas facas e dizendo ao que vão…
Um comentário:
Hermes, amigo:
Em 1º lugar e com seu obséquio, dado nunca o ter feito antes, deixe-me tecer um comentário crítico sob a sua pessoa. Trata-se da irregularidade na produção do seu 'fluxo literário' neste blog. Eu sei que todos os grandes pensadores passam por alturas menos boas, mas estou a crer que esta situação será rapidamente ultrapassável.
No que diz respeito ao post em concreto, penso que sem querer, o amigo arriscou ao misturar histórias sul-americanas do principio do séc. com uma história latina de final de séc.
Ora vejamos: Espelhando a prosa de Gabriel Garcia, gostaria de lhe perguntar qual ser pensante se expressaria perante as naifas afiadas dos gémeos Vicario? Não é por saber que eles estariam a agir mal (ou não!) que arriscaria o meu escalpe!
Por essa razão, a metáfora não poderá ser empregue no 'populucho' argumento do "ai num sei quê, ele pode roubar, mas até fez muito pela terra/clube".
As pessoas não conseguem ver que os Majores deste país têm facas afiadas e que fazem mal a muita gente, como aconteceu com o Faustino e a Clotilde.
Aliás a impunidade desta última década não foi atribuida pela população, mas sim pelos orgãos responsáveis legais e judiciais... (será que havia um xerife na terra do Santiago Nassar?)
Na minha humilde opnião, considero muito mais fácil denunciar uma situação de corrupção (vulgo 'chivo') do que seria interferir na vontade dos manos Vicario.
Força nisso Carolina!
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