sábado, maio 03, 2008

The Black Swan

Leio actualmente The Black Swan, The Impact of the Highly Improbable, de Nassim Nicholas Taleb, penso que continuarei a lê-lo, apesar das críticas pouco abonatórias do New York Times (justas de resto, pelo menos no que se refere à fraude Yevgenia Krasnova no capítulo 2).
Um argumento crucial no livro, que julgo particularmente meritório, é dar-nos a perceber que aquilo que desconhecemos acerca de um qualquer tema pode ser infinitamente mais relevante do que aquilo que conhecemos. Apesar disso, tendemos a tomar decisões com base no que conhecemos e não com base no que desconhecemos. Temos até uma tendência natural para sobrevalorizar o que conhecemos em desfavor do que desconhecemos. E, tipicamente, tendemos a explicar, por exemplo, acontecimentos históricos com base no que conhecemos e não com base no que desconhecemos.
O autor alerta para o grande impacto que têm factos que desconhecemos, e, fundamentalmente, para o grande impacto que têm factos altamente improváveis para a explicação de acontecimentos, quer pessoais, quer históricos.
O título do livro, Black Swan, é uma alegoria a estes factos altamente improváveis. No hemisfério norte, todas as pessoas estavam totalmente convencidas de que todos os cisnes eram brancos. A observação sucessiva de cisnes brancos garantia esta certeza. O avistamento, com a descoberta da Austrália, do primeiro cisne negro pôs a nu, quer a fragilidade dessa assumpção, quer a fragilidade do conhecimento baseado na observação empírica. Na verdade, para que um facto tido como absoluto pela observação empírica sucessiva seja colocado em causa, basta que exista uma única observação que o contradiga.

Um comentário:

Unknown disse...

Belos posts caro amigo Pedro! Fiquei com vontade de ler este livro, ainda que, para ser sincero, atrevo-me a discordar (à partida, depois de ler o livro logo se vê) da universalidade da hipótese avançada por N.Taleb... ;).

Consigo imaginar várias situações em que esta ideia será verdade, sem dúvida. No entanto, consigo também pensar noutras situaçõs em que a incerteza pode dominar a tomada de decisão.

Um exemplo é quando nos confrontamos com o excesso de opções.

Imagina que decides comprar um gelado numa gelataria com 3 sabores à escolha (morango, baunilha ou chocolate). Agora imagina-te nessa mesma loja. No entanto, além destes três sabores tens mais 35 à escolha. Dado que os mesmos três sabores estão presentes, o facto de teres mais opções não te deveria fazer "não comprar" um gelado (poderia sempre optar pela mesma opção).

Ora muitas vezes não é isso que acontece. Eu consigo imaginar-me a comprar no primeiro caso e a não comprar no segundo, para evitar o "custo de decidir", imposto pela incerteza de qual o melhor sabor. Neste caso (nota: penso que esta experiência já foi feita por psicólogos, hei-de procurar isso), a incerteza acerca de qual o sabor preferido (no caso da variedade ser de 38 sabores) leva muitas pessoas a não escolherem nenhum!

Assim, o desconhecido parece poder, em determinadas situações, dominar as nossas decisões (muito por culpa do medo de nos arrependermos)... Se a malta concordar com este raciocínio, seguindo a linha de Karl Popper (muito bem ilustrada pela história do cisne negro), já encontramos uma observação que desconfirma a hipótese! ;)

(se bem que se calhar ele não defende a universalidade desta ideia??)!! :DD

Abraço e bom fim-de-semana!

Camacho